23 - A "vida como um serviço" será a nova pandemia global

Hello!

Meu nome é Cosme Faé, sou Minimalista Influencer, Indie Maker e Designer Futurista.

Toda sexta-feira às 11:00 da manhã um novo episódio é publicado automagicamente aqui no Hello Faé Cast. Mas às vezes eu furo o horário porque eu não sossego até ficar orgulhoso do roteiro (risos). Vocês já devem ter percebido isso, não é?

Já se sentiu nadando em direção errada no seu trabalho? Não sabe pra onde o mercado tá indo? O que estudar? Por que as pessoas gostariam de trabalhar contigo?

No último episódio eu falei bastante sobre como ter superpoderes na vida profissional. Vai muito além de ficar bitolado estudando tudo sobre seu trabalho específico. Aprender sobre o mundo ao seu redor faz mais sentido e torna você mais interessante. Solta o play que eu sei que você vai gostar do que falei por lá no episódio 22.

Você sabe que gosto de sempre contextualizar alguns assuntos. Pra gente falar sobre a vida como um serviço preciso antes falar um pouco sobre economia compartilhada.

É um modelo muito lucrativo que teve um crescimento mais alto que o do bloco secreto de carnaval. Isso começou com força há uns 10 anos atrás. Basicamente é usar tecnologia para facilitar a troca de bens e serviços entre duas ou mais partes.

Quer exemplos? Airbnb e Uber são ótimos pra isso.

Uma empresa gigante de hotelaria como Airbnb não tem um prédio com quartos no nome da empresa.

O Uber tem uma frota surreal de carros no mundo inteiro e nenhum pertence a ela. Só em Nova Iorque tem 5 vezes mais Ubers que táxis amarelos. Loucura, né?

Obviamente esse movimento lucrativo teve início na nossa amada e odiada indústria privada. Eu penso como seria interessante esse modelo aplicado numa escala pública, sabe? Onde o governo é apenas uma ponte democrática entre serviços e pessoas, por exemplo.

Esse modelo esbarra em todos os setores que a gente imagina, até na saúde. Profissionais da saúde podem, por meio de um app, atender pacientes de qualquer região, sem burocracias. Isso, há um tempo atrás, só se via em filme de ficção científica.

Na pandemia, com o distanciamento social, esse modelo cresceu absurdamente, vocês repararam? Até para contratar qualquer profissional freelancer de redação, publicidade, design, comercial, contabilidade, nutrição ficou muito mais fácil.

Lembrei aqui que a economia compartilhada esbarra em transporte não só para compartilhamento. E já entra mais profundo no tópico que trago hoje aqui: a vida como um serviço. 

Já estamos criando de forma sólida transporte por assinatura. Em paralelo com aluguel de carro, você pode assinar um carro hoje em dia sem precisar se preocupar com impostos, depreciação do veículo, seguro, manutenção periódica, e tudo mais que vem com isso. E sempre terá um carro quase zero na sua garagem. 

Reforço que quando a gente quer possuir algo, ter propriedade, a gente não precisa do serviço ou objeto em específico: a gente quer o que ele pode proporcionar. Você não compra um carro só pra ter um. Na real, você compra, essencialmente, o poder que ele tem para te transportar de um local para outro.

Pensando aqui com minha cabeça futurista poderíamos explorar mais ainda a vida como um serviço:

  • Trabalho: espaços compartilhados de trabalho já existem no mundo há um tempo, a gente sabe. Mas a expansão dele para lugares como fazendas, mais afastados dos grandes centros, será cada vez mais comum. Inclusive eu fiquei isolado em uma fazenda coworking há uns meses atrás e foi uma experiência incrível essa interseção de trabalho com a natureza.

  • Armário alugado: imagina a gente poder alugar um guarda-roupas quase completo, por uma pequena assinatura mensal, com peças de produtores locais, onde você participa do processo, com poucos intermediários, uma produção transparente e colaborativa. Um modelo que se comunica muito mais com o chamado “Slow Fashion”. Se você somar o valor de cada peça do seu guarda-roupas hoje, do meu inclusive, com certeza daria um valor surreal. E boa parte a gente já nem curte mais usar. Pensa bem!

  • Furadeira, martelo, alicate: e outros materiais que a gente só usa praticamente uma vez por ano em casa ou pouquíssimas vezes. Sabia que, em média, uma pessoa usa uma furadeira apenas por 18 minutos depois que compra? Esse dado que eu estou trazendo, essa pesquisa, foi baseado só na minha vida mesmo (risos). Mas falando sério, quantas vezes você já usou a sua? Faz realmente sentido ADQUIRIR algo que você usa poucas vezes?

  • Geladeira, máquina de lavar, televisão, celular, computador: eletrônicos e eletrodomésticos que você gostaria de um modelo mais recente de tempos em tempos, poderiam ser adquiridos por uma pequena assinatura mensal. Um exemplo é o meu apartamento atual em que eu poderia ter uma assinatura com a Samsung de TV, ar-condicionado, máquina de lavar e filtro de água. Eu poderia simplesmente passar essa assinatura do meu apartamento atual para o novo residente e renovar a minha em um novo endereço em outra cidade ou até mesmo em outro país. Não seria muito mais prático?

Como nem tudo são flores e nós, seres humanos, temos um dom particular de cagar o planeta até com as melhores intenções precisamos, antes de avançar mais ainda, repensar como o avanço do modelo de vida como um serviço poderia ser realmente sustentável.

Apesar de ser um grande entusiasta de tecnologia e minimalismo, eu fico me perguntando: As empresas irão limitar o prazo de troca dos produtos para ser um processo mais sustentável? Ou o ciclo de troca ficará algo insano a longo prazo gerando mais caos ecológico?

Estamos preparados financeiramente para ter tantos serviços pendurados como uma árvore de natal no nosso cartão de crédito? Poderíamos gerar um colapso financeiro, provavelmente. A gente já “perde a linha” só com Netflix, Spotify e Clube de Vinho no cartão de crédito.

Os governos vão se adaptar na velocidade necessária para não esmagar os mais ainda o trabalho informal sem direitos trabalhistas? Sabemos que, com o pouco que temos hoje de "vida como um serviço", isso já acontece vertiginosamente.

Seria lindo esse mundo onde não precisamos ter a prioridade de muita coisa e o ciclo de utilização fosse mais sustentável. A gente poderia ter, de fato, apenas o essencial na vida para gerenciar, com menos intermediários no processo, incentivando mais a sustentabilidade, apoiando mais a produção local.

Um sonho? Uma utopia? Uma ovelha consumista disfarçada de minimalista? Só o tempo vai nos dizer.

Eu espero, de verdade, que seja apenas para bens e serviços por um mundo menos consumista e mais slow. A gente nem percebe mas já está dentro de um grande seriado chamado "Vida Como Um Serviço". Neste episódio que estamos agora, me parece que “a amizade no Instagram sob-demanda” e os “flertes no Tinder por assinatura” já estão acontecendo há muito tempo.

Se você gostou desse episódio, compartilhe com todo mundo. Vou ficar bem feliz de ver ele sendo compartilhado por aí. De verdade.

Até o próximo episódio!

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