18 - Meu mapeamento genético, longevidade e minha dieta futurista

Cosme: Hello!

Meu nome é Cosme Faé, sou minimalista influencer, indie maker e designer futurista.

Toda sexta-feira às 11:00 da manhã um novo episódio é publicado “automagicamente” aqui no Hello Faé Cast.

No último episódio falamos sobre meu novo plano alimentar e como isso impactou muito minha vida em apenas 2 meses. E como prometido hoje vamos trazer a minha amiga e nutricionista, Mila Moraes 🍉, que tem alinhado e acompanhado todas essas mudanças desde o dia zero.

A Mila é formada em Nutrição. Não, vou deixar ela se apresentar para vocês conhecerem ela um pouco melhor.

Mila: Olá, gente. Tudo bem? Eu sou Mila, nutricionista formada pela UFRJ, no finalzinho de 2010, início de 2011. Comecei a atender na área clínica, depois migrei para a área de esportes que eu atendo até hoje. Mas hoje eu sou mais focada em doenças associadas à alergia, modulação intestinal e comportamento alimentar. 

Cosme: Pessoal, antes de eu começar esse bate papo aqui com a Mila. Queria pedir, pelo amor de Deus, que procurem profissionais estudados e competentes para acompanhar sua saúde. 

Da mesma forma que tive ganhos incríveis em pouco tempo com a Mila, cada corpo é um corpo diferente, tem uma resposta diferente. Eu já me consultei com profissionais que atrapalharam demais meus resultados.

Não porque eles eram profissionais péssimos ou com pouca qualificação técnica, simplesmente porque eu não estava comprometido para entender como é minha vida para sugerir as melhores rotas.

Não disse no outro episódio, mas já parei em hospital por dietas surreais, já passei mal na academia por conta de alimentação que não fazia sentido pro meu estilo de vida. 

Não foi por conta própria, foi por seguir planos alimentares que não se encaixavam na minha rotina. Ou por tomar suplementos indicados para suprir algo que poderia ter resolvido facilmente com uma alimentação mais equilibrada.

Mila: Isso que o Cosme está falando é muito importante porque os profissionais têm linhas diferentes. Às vezes a gente não se identifica mas também não entende qual é a linha dele, e também não tem uma boa comunicação.

Já aconteceu de, apesar de eu fazer uma anamnese super completa de um paciente, semanas depois ele me apresentar algum problema que não foi dito na consulta. 

Então é muito importante que a gente consiga ter essa transparência, esse cuidado, porque o profissional também é ser humano.

A gente está ali tentando identificar, cuidar, individualizar a dieta do paciente ao máximo, mas se a gente não souber o que o paciente quer, o que ele espera, todo o histórico alimentar e familiar daquele paciente, nem sempre conseguimos executar um bom trabalho. Faz sentido, né? 

Cosme: Faz total sentido. Esse match vale para qualquer profissional de saúde, seja seu nutricionista, dentista, terapeuta. Quantas pessoas nós conhecemos que mudaram de terapeuta no primeiro mês ou até depois de 5 anos.

Hoje, com a Mila, eu dei um match da gente conseguir adaptar pro meu momento atual. Daqui a 5 anos, pode ser que seja a Flávia, ou o Pedro, o nutricionista. Ou pode ser que faça sentido continuar com a Mila, adaptando e tentando outras formas de fazer o plano alimentar que continue se encaixando com meu estilo de vida e acompanhando minha saúde. 

Mila: Sim. E uma coisa que eu estava conversando com um paciente outro dia é sobre termos dificuldade de identificar o que estamos buscando, ou dificuldade de entender as nossas próprias dificuldades. E por isso acabamos migrando para vários profissionais, seja na área de nutrição, ou qualquer outra área.

Fazemos isso esperando que aquele profissional atenda uma demanda que é nossa mas não é obrigação dele. Algumas coisas precisam ser desconstruídas, precisam ser bem alinhadas, principalmente quando a gente fala de comportamento, que você não vai resolver só com uma proposta alimentar e um papel que você entrega pro paciente. 

Ele precisa entender que ele também vai mudar, precisar se alinhar, prestar atenção na rotina dele, entre outras coisas, para que de fato aquilo funcione. Para mudar a gente precisa sair da zona de conforto, e nem sempre estamos preparados para isso.

A maioria das pessoas hoje que buscam um profissional, buscam por conta de algo que está incomodando muito ou buscando um resultado imediato. Mas a gente sabe que as coisas não acontecem na velocidade da luz, como estamos acostumados hoje por causa da tecnologia. As coisas na nossa vida precisam de um tempo.

Não dá pra pegar uma pessoa de 33 anos e mudar de um dia pro outro todo o histórico de vida. É importante também que a gente alinhe as expectativas. Eu sempre falo isso pros pacientes: “O que você espera dessa proposta alimentar? Quanto tempo? Associado aos sinais e sintomas, o que você está buscando?”

Tem gente que eu sei que não vou conseguir ajudar porque vai muito além do que ele está buscando ali na consulta.

Cosme: Sim, sim. Entrando um pouco no que aconteceu nesses 2 primeiros meses - eu já tenho mais tempo seguindo o planejamento alimentar - mas vamos fazer um recorte do que aconteceu da primeira vez que eu fui me consultar com você e fazer o nosso planejamento e depois quais foram as mudanças que tiveram. 

Dentro desse assunto, até falei no último episódio, eu senti um ganho de energia durante o dia. Me sinto muito mais predisposto a fazer coisas que antes eu não conseguia manter o foco e me distraía muito facilmente. Como também percebi que minha qualidade de sono aumentou de forma absurda.

Parece pouco, mas hoje quando fui ver nas estatísticas do sleep cycle, eu tive um ganho de 8% na minha regularidade de sono, mesmo dormindo menos por ansiedade e outras questões fisiológicas minhas. A minha qualidade de sono aumentou muito. 

O que você acha que, com a adaptação que a gente teve, pode ter resultado nisso?

Mila: Vale lembrar como o Cosme chegou lá no consultório. Com um perfil de dieta, que é bem diferente da dieta que você está hoje. Ele tinha uma dieta low carb, cetogênica, com muita proteína e gordura, pouca fibra, pouco carboidrato, pouca fruta. 

O fato é que, por mais que a proteína seja um ótimo alimento, por mais que a gente tenha gorduras excelentes na nossa alimentação, o consumo excessivo de proteínas e gorduras também são pró inflamatórios. O baixo consumo de fibras também agride o nosso intestino.

Se a gente pensar em modulação de humor, modulação de estresse e melhora de qualidade de sono, no nosso intestino que liberamos todos os neurotransmissores que são importantes. Se pensarmos em dopamina, serotonina, noradrenalina, principalmente.

A gente precisa de determinados alimentos que na dieta mais low carb ou cetogênica high fat a gente acaba não tendo. Vale lembrar que isso são estratégias alimentares e eu não estou falando que elas são ruins. Elas vão funcionar para determinados momentos e para pessoas específicas, não necessariamente para todo mundo.

Mas é comum que se faça dieta low carb hoje em dia, pelo acesso à informação que a gente tem. O Cosme quando reduziu o consumo de gorduras, proteínas e aumentou o consumo de frutas, fibras, alimentos prebióticos e probióticos na alimentação, conseguimos modular melhor esses nutrientes, essa liberação e absorção.

Conseguimos modular melhor o intestino, para que o corpo dele ficasse mais nutrido e assim, conseguisse regular melhor seu humor, sua qualidade de sono, sua disposição, seu sistema imunológico.

O nosso intestino depende muito disso. Em dietas restritivas, geralmente vai faltar esse ajuste.

Cosme: Eu não tinha nem ideia. Mas como eu disse no último episódio, quando eu fiz a dieta paleo, eu percebi que eu conseguia fazer um planejamento alimentar muito mais simples e que se encaixava bem pro meu estilo de vida. 

Vocês sabem e eu falo muito nos episódios, que eu gosto de levar as coisas da forma mais simples e leve possível. Mas eu percebi, ao longo do tempo, que restringir muitos tipos de alimentos estava me prejudicando muito mais do que trazendo essa simplicidade. 

Acrescentar tudo que você colocou no meu plano alimentar, como fazer um detox mais completo de manhã, ter acesso a alguns macronutrientes e micronutrientes para auxiliar os neurotransmissores - depois você pode explicar melhor sobre isso - e às fibras, que era um total de zero.

Eu tenho uma preguiça - quer dizer, hoje não tenho mais - de ir no mercado e ficar escolhendo, comprando verduras, depois ter que temperar. Era muito mais prático para mim pegar um bacon, um salmão, um frango, um aipim, ou outros alimentos mais práticos, jogar na frigideira. Comprar ovo para caramba, e pronto, essa é minha dieta.

Eu estava tendo mais prejuízo com esse “minimalismo” na alimentação, do que os reais ganhos que poderia me trazer. Isso, se olharmos com uma visão de médio/longo prazo, pode ter efeitos até maléficos na nossa longevidade. Dificilmente vamos conseguir ter uma longevidade com saúde se não nos preocuparmos com isso o mais cedo possível.

Não começar na segunda-feira. Ou seja, se você estiver afim de fazer alguma coisa, pode começar no próximo lanche que você for fazer e não esperar a proxima segunda-feira. O nosso corpo não conta os dias da semana, né? Ele não entende que segunda-feira tudo vai mudar. 

Ele está mudando agora. E aí? Você vai esperar segunda-feira ou vai dar desculpas de que “só hoje…”? 

Mila: É muito importante isso e voltar na parte que eu falei sobre ser uma estratégia alimentar. Em algum momento isso funcionou para você. Quando a gente fala de low carb e high fat a gente provavelmente está vindo de uma dieta que tinha um pouco mais de carboidrato. 

Historicamente, a gente sabe que as pessoas acreditam que se você retirar o carboidrato você vai emagrecer.

Então é comum. É uma estratégia que, em um primeiro momento tem um impacto muito grande tendo em vista que carboidratos, que são hidratos de carbono, puxam água. E o glicogênio muscular hepático, que é proveniente de carboidrato, também puxa a água. 

Então, em um primeiro momento, quando você faz uma dieta em que você praticamente zera o consumo de carboidrato, você perde e expulsa muito líquido para fora. O impacto, para quem não entende de composição corporal, é muito grande.

Nas primeiras duas semanas, você pode perder uma média de 4, 6, 7 ou 8 quilos, dependendo de qual peso você está. Esse impacto inicial acaba fazendo com que as pessoas acreditem que, a longo prazo, uma dieta low carb e high fat vai ser interessante.

A curto prazo ela pode ser, mas a longo prazo ela vai gerar deficiência nutricional porque não tem como vivermos só de proteínas animais e gorduras.

Entendendo que gorduras, se pensarmos até em ômega 6 e ômega 9, são gorduras pró inflamatórias. As gorduras tendem a ter atração por alimentos tóxicos, são mais lipossolúveis. Então, você vai se expor a longo prazo a mais toxinas, seu corpo vai ficar mais inflamado. 

Com isso, você também não vai ter a disposição de equilibrar seu sistema imunológico, de equilibrar seu intestino, principalmente, que é onde a gente absorve tudo.

Em algum momento é interessante transitar pelas estratégias. Perceber que, se eu estiver fazendo essa estratégia durante um ano, eu vou continuar tendo resultados ou se eu mesclar essa estratégia os resultados serão tão bons quanto, mais constantes, e eu vou ter mais disposição.

Então, é isso. Basicamente nós mudamos a nossa estratégia procurando uma que fosse mais interessante para o Cosme e ele respondeu super bem.

Cosme: Eu ouvi nitidamente que eu respondi bem e isso não é uma coisa de balança. Eu percebi ganhos cognitivos e isso que eu achei mais impressionante. Muito mais do que a questão estética, com esses ganhos cognitivos a curto prazo eu fiquei muito impressionado. 

Em dois meses, 45 dias, isso foi melhorando cada vez mais. Obviamente, eu cheguei num estado de que agora eu não percebo mais tão grandes resultados, porque eu estou mantendo esse novo planejamento alimentar.

Mila: Mas aí é que está: qual novo resultado você está buscando? Porque perder gordura corporal e ganhar massa magra não é tão rápido quanto perder esse peso de líquido que vemos numa dieta low carb

A gente não está preparado para que essas perdas sejam a longo prazo. A gente está preparado para que essas perdas e mudanças sejam muito rápidas. Então, quando elas não acontecem dessa forma achamos que entramos no efeito platô, o corpo se adaptou e agora eu não perco mais com facilidade.

Mas entrar em efeito platô é muito difícil, muito mesmo. É muito difícil você encontrar uma pessoa que entrou em efeito platô. Provavelmente ela talvez tenha reduzido o gasto calórico por dia, ou não está mais prestando tanta atenção nos macronutrientes da dieta, preciso fazer um ajuste na pesagem da comida. Mas não é efeito platô. 

Cosme: Eu queria entender de você, tecnicamente falando - não vou conseguir explicar tão bem quanto você - porque eu percebi um ganho de produtividade e foco muito grande. 

Eu tenho impressão que, com o ajuste que você fez, os alimentos que você inseriu, o detox matinal, tudo isso com o papel dos neurotransmissores, fez eu conseguir tomar decisões mais rápido e ter um ganho cognitivo maior e respostas mais rápidas.

Tenho impressão que a otimização dos neurotransmissores - apesar de parecer uma frase complexa para quem não estuda muito nutrição - possa ter auxiliado muito. 

Como é que foi isso? O que você inseriu na minha alimentação? O que eu estou comendo agora para eu ter essas respostas cognitivas muito maiores do que eu tinha antes?

Mila: Primeiro ponto é que a gente precisa entender onde no nosso corpo acontece a liberação dos neurotransmissores, que é via intestino. O nosso intestino tem uma flora na qual convivem bactérias boas e bactérias negativas, e elas convivem em harmonia. Para chegarmos nessa harmonia precisamos trabalhar a simbiose entre probióticos e prebióticos.

Probióticos podemos pensar em iogurtes, lactobacilos, bifidobactérias, queijos, ou até suplementação como leite fermentado, kombucha ou kefir.

Cosme: Yakult está incluso? A primeira coisa que eu pensei quando você falou lactobacilo foi no Yakult. 

Mila: Não, Yakult não está incluso. O problema é a quantidade, ele é um produto alimentício e não um medicamento. Por isso, ele não tem uma quantidade significativa de cepas para atuar como um medicamento ou um recurso terapêutico de tratamento. Além de ser um alimento com açúcar.

Se a gente pensar que o açúcar alimenta bactérias ruins, não faz sentido ele estar ali, entre outros problemas como refrigeração, transporte de produtos da empresa até o mercado, que talvez não consiga garantir a sobrevivência dos bichinhos. Então, ele não pode ser um alimento que eu indico.

Cosme: Bom pessoal, vocês estão ouvindo quando estiverem no mercado e pensarem que Yakult são lactobacilos especiais, mas não muito, e além disso ainda tem açúcar o que pode estragar um pouco sua estratégia. 

Mila: Com certeza. E também temos os prebióticos, que são as fibras da nossa dieta. Se pensarmos em legumes, verduras, frutas, aveia.

Quando pensamos em dietas low carb, aliás nem tanto a lowcarb porque ela ainda permite alguns carboidratos, mas as dietas cetogênicas, rica em gorduras, com bacon, muitos ovos, carne vermelha, peixes gordos, etc, a gente praticamente não consome alguns alimentos que são precursores desses neurotransmissores.

Pensando na dieta elaborada, quando fizemos essa transição eu comecei a incluir esses alimentos como cereais, fontes de triptofano, aveia, possibilidade de comer um arroz integral, um arroz 12 grãos, cacau, banana, abacate – que você já comia mas a gente fez esse ajuste também – leguminosas ou grãos.

Quando incluímos esses alimentos estamos incluindo a disposição, não só para produção de serotonina, como a dopamina e a noradrenalina. Essas últimas, diferentemente da serotonina, dependem de tirosina e de vitaminas do complexo B. 

Quando o Cosme chegou no consultório, também fizemos uma análise de exame de sangue e lá vimos uma baixa de vitamina, especialmente a B12, e um ajuste que precisávamos fazer de vitamina D e de glicemia – da glicose – dele. 

Pra vocês verem que uma dieta rica em proteína também pode promover um aumento de glicose também.

Cosme: Eu recebi muitas mensagens legais de várias pessoas quando eu soltei o teaser do último episódio e contei que eu ia conversar com a Mila hoje. E o mais esperado até agora é que a Mila fale um pouco sobre a visão dela em relação ao mapeamento genético que eu fiz no laboratório.

Eu fiz um mapeamento genético no último mês e ele entregou alguns resultados interessantes. Eu trouxe a Mila aqui justamente para poder comentar um pouco sobre isso e como isso pode impactar nos meus próximos planejamentos alimentares.

Mila: Então, o mapeamento genético permite que a gente estude mais a fundo como aquela pessoa, a partir de estruturas de DNA, metaboliza determinados – pode ser os macronutrientes, quando falo de proteína, gorduras, carboidratos -, sobre a absorção de alguns nutrientes como as vitaminas.

Podemos fazer estudos de tipos de fibras e estudos históricos em relação a doenças. O Cosme apareceu no consultório levando um exame de sangue excelente, super completo, e algumas das suas preocupações associadas ao histórico familiar de doenças e alterações que constavam no exame dele.

Ele queria construir uma proposta alimentar que melhorasse aqueles marcadores que estavam alterados, especialmente glicose, algumas vitaminas como a D e a B12, e também a dieta que ajudasse na prevenção de doenças.

Quando ele decidiu fazer o mapeamento genético, foi principalmente em relação à predisposição genética a algumas doenças. Alteração de colesterol, doenças como câncer, que ele tem uma disposição próxima na família dele, e felizmente vimos no mapeamento genético a distância dele para essas doenças.

Mas é o que eu falo pro Cosme, é importante que a gente entenda que apesar da estrutura de DNA trazer pra gente as transcrições importantes para fazermos os ajustes, não necessariamente ele nunca vai desenvolver aquela doença. Precisamos prestar atenção no meio em que vivemos e perceber se ele ajuda na prevenção contra essas doenças.

Por exemplo, vou falar de mim. Eu tenho uma predisposição para ter câncer na minha família por conta de um parente muito próximo de mim. Eu entendo isso porque existe uma ligação entre netos e avós muito grande.

Sabendo disso, e sabendo da minha predisposição - não que eu não vá vir a ter, pode ser que um dia eu tenha – mas eu vou fazer de tudo para que o meu meio não favoreça o desenvolvimento.

Quando o Cosme hoje dorme melhor, rende melhor, o foco dele e o rendimento estão melhores, ele está exposto a nutrientes diferentes e uma dieta diversificada não só focada em proteínas e gorduras, ele consegue se distanciar e se prevenir de determinadas doenças.

A gente quando fez o ajuste, reduziu consideravelmente a quantidade de gordura da dieta e um pouco da quantidade de proteína. De certa forma, quando fazemos uma dieta cetogênica ou lowcarb, acabamos aumentando muito o consumo desses alimentos.

Ao reduzir um dos macronutrientes, naturalmente elevamos outro macronutriente. Então, fui lá e reduzi gordura ou proteína, posso subir o consumo de carboidratos. Então, a dieta permitiu uma densidade calórica ainda mais baixa, sem tirar dele a sensação de saciedade.

Não é, Cosme? Você morria de medo de ficar com fome porque de 6 ovos para 2, a gente sabe que é uma diferença.

Cosme: Eram 5 ovos e bacon de manhã e à tarde.

Mila: É, e agora você come muito menos. Mas a gente tem mais fibras, um pouco mais de carboidratos, então a produção de energia é significativa. 

Quando eu entro nessa questão da alteração dos exames dele que esse mapeamento genético não mostrou, como uma predisposição para diabetes, não é uma crítica.

Vale lembrar que o mapeamento genético é super interessante, é um teste que as pessoas têm tido mais acesso, assim que foi lançado ele era muito caro – e dependendo da quantidade de marcadores que você queira e o tipo de mapeamento é claro que ele vai ficando mais caro. Hoje temos mais facilidade de acesso e formas de pagamento.

No mapeamento genético conseguimos direcionar um pouco mais a dieta. No consultório a gente tem essa facilidade por uma anamnese feita pelos exames de sangue, pela análise dos sinais e sintomas, por retiradas terapêuticas. 

Mas fornecer o resultado de um mapeamento genético ajuda a afunilar a dieta, como se estivéssemos lapidando cada vez mais essa dieta junto com o paciente.

Então o mapeamento foi e é super importante, falei pro Cosme que podemos fazer outros mapeamentos genéticos que podem mostrar para ele o tipo de fibra que ele tem, para direcionar o esporte que funciona melhor pro corpo dele, como funciona essa taxa metabólica basal. 

A gente consegue fazer ajustes para determinadas doenças como a trombofilia e o Alzheimer. Conseguimos fazer ajuste de metabolização de cafeína, que é super interessante saber.

Cosme: Que é como o meu corpo responde ao consumo de cafeína, né?

Mila: Isso, a gente pode metabolizar cafeína em até 12 horas, até um pouco mais, dependendo do indivíduo. Quando entendemos esse processo, conseguimos não sobrecarregar nosso corpo com a exposição à cafeína, que ao mesmo tempo que pode ser interessante pode ser também super agressivo.

E a gente tem outros marcadores como, por exemplo, alergias e intolerâncias alimentares, metabolização boa ou não de gorduras ou proteínas.

Pacientes que fazem dieta cetogênica ou lowcarb por muito tempo, às vezes não vêem mesmo o resultado porque pode ser uma pessoa que metaboliza muito melhor carboidrato do que gordura. Então, por que não fazer esse tipo de teste?

Cosme: Sim. Depois que você comentou que você viu o mapeamento, foi muito bom saber que eu não tenho uma predisposição para algumas doenças. 

Para vocês terem uma ideia, entrando em detalhes, alto nível de colesterol, alto nível de triglicerídios, câncer colorretal, câncer de estômago, câncer de pele e melanoma, câncer de próstata e mama masculino e doença de wilson, nenhuma dessas condições crônicas eu tenho predisposição genética. 

Parafraseando o que a Mila falou, isso não garante que eu não vá desenvolver. Eu só não somo as questões do meio com uma predisposição genética, poderia ser o somatório. Eu levar uma vida completamente não saudável ao longo do tempo e, ao mesmo tempo, ter uma predisposição genética. Adivinha só? Tem tudo para dar merda a curto prazo.

Isso eu já vi que não vai acontecer e já fico um pouco mais tranquilo de não ter essas predisposições. Com a sugestão da Mila que, com certeza nos próximos meses, eu vou fazer mais exames e novos mapeamentos genéticos para entender como meu corpo metaboliza alguns alimentos específicos e entender como podemos fazer mais ajustes para que eu tenha uma longevidade garantida e saudável. 

Não vai garantir a imortalidade, provavelmente, ainda. Mas acho que conseguimos levar isso de uma forma mais sustentável.

Pra vocês entenderem algumas coisas que a Mila alterou no meu planejamento alimentar, a quantidade de alimentos com gordura muito grande, eu consumia carboidrato em momentos que eu não deveria, e meu “dia do lixo” - o dia em que podemos comer o que quisermos - era basicamente o final de semana inteiro.

Eu não tinha uma consistência de alimentação e nem de atividade física. Hoje pela manhã é diferente. A Mila pode falar sobre os benefícios disso, inclusive. Algo muito prático, não precisa da noite pro dia construir o novo hábito que a Mila tá falando de colocar um almoço que tenha tal e tal alimentos. 

Hoje, pra ficar prático porque eu sou muito preguiçoso para cozinhar pra mim - apesar de que eu amo cozinhar pras pessoas - no dia a dia, como praticamente a mesma coisa de café da manhã, pra agilizar para produzir mais e focar no meu trabalho.

Mas o detox de manhã é algo que eu estou consumindo com uma certa religiosidade. Parece que eu tive alguns resultados, não consegui identificar o que, de fato, mudou na minha vida com esse detox. Mas sempre faço de manhã esse detox com shot matinal. 

Eu como uma fruta escura de manhã, como uma ameixa, para sair do jejum, tomo uma cápsula de ômega 3 junto com própolis, limão, gengibre e glutamina. Em que isso me ajuda no dia a dia? Deve ter algum impacto, eu não sei qual é.

Mila: Então, talvez você não tenha visto porque estamos associando a uma conduta. Vale lembrar que é como se fosse um tijolinho para construir uma parede, nenhuma conduta isolada vai funcionar em algo que é multifatorial.

Quando a gente está pensando na construção de um sistema, falamos na fruta vermelha rica em antioxidante, em um alimento rico em ômega 3, que é super anti inflamatório - tendo em vista que ele veio de uma dieta super pré inflamatória - na glutamina que é um aminoácido que nutre células de enterócito então nutre o nosso intestino que é onde absorvemos tudo.

Temos a cúrcuma que tem como princípio ativo a curcumina, que é o maior anti inflamatório que existe hoje. Temos vários estudos, inclusive meu último TCC, comparando a cúrcuma com hormônios não esteroidais que seriam os anti inflamatórios medicamentosos. Além de ajudar na pele, na regulação do sistema detoxificante, fígado, rins, também é bom pra lesão e dores musculares.

Quando quebramos o nosso jejum com alimentos ricos em vitamina C, antioxidantes - como limão também - compostos fenólicos, como o própolis, que é um excelente modulador intestinal e, em outros momentos, pode ajudar também na regulação do sono. Tem pacientes que tomam própolis antes de dormir.

Quando acordamos o nosso corpo com alimentos antioxidantes, vitamina C, alimentos antimicrobianos, antibactericidas e antivirais, estamos dando um booster de nutrientes, depois de cerca de 7/8h em jejum.

Cosme: E o gengibre ele tem um efeito de acelerar o metabolismo né?

Mila: Termogênico! Todos eles em geral ali são um pouco. O gengibre também é antibactericida, antifúngico, muito bom. Mas eu tenho pacientes que não conseguem ingerir esse alimento de manhã ou não conseguem consumir ele isolado, então são alimentos que, se não conseguimos administrar no primeiro momento do dia, que a gente administre ao longo do dia.

Prepare sua comida com eles, faça chá, faça uma manipulação que tenha um concentrado desses alimentos. Mas é importante que a gente tenha à disposição esses alimentos na nossa rotina e que usemos as nossas especiarias a nosso favor.

Quando pensamos em nutrição, pensamos em prevenção e cuidado com o corpo. O alimento é o nosso remédio. Existe esse shot, mas hoje todo mundo pensa em shot de água com limão, ou alguma coisa para emagrecer como se fosse algo milagroso, mas na verdade não é.

Não existe uma conduta que vai funcionar para algo que você precisa de todo um condicionamento. Por exemplo, não adianta o Cosme tomar esse shot, consumir a quantidade de gordura e proteína que ele estava consumindo e fazer final de semana do lixo. Porque não existe milagre.

É um conjunto né, retirar o que está fazendo mal, incluir o que faz bem, achar um equilíbrio. Não é um final de semana do lixo, é uma refeição que nem é “lixo”. São alimentos que não estão disponíveis na dieta, ou que tem uma relação afetiva mas nem sempre são tão saudáveis. Mas sabemos que o consumo eventual não é problemático.

O nosso corpo é muito inteligente, ele dá conta de tudo. Temos um sistema tampão para neutralizar acidez, temos um sistema detoxificante para agir como efeito detox. Ao invés de tomar suco verde, ou tomar água alcalina. 

O nosso corpo é muito interessante, mas não permitimos que ele funcione a 100% porque estamos sempre agredindo ele. Quando fazemos esses ajustes até estamos trazendo um trabalhinho, mas ele consegue funcionar. Então temos que trabalhar nessa linha.

Cosme: Mila, se as pessoas quiserem ter o mesmo acompanhamento que eu tive contigo, como elas fazem para marcar uma consulta?

Mila: Cosme, primeiro eu queria agradecer a oportunidade de estar aqui nesse podcast maravilhoso. É muito importante que a gente consiga ser uma fonte de informação e ajuda para as pessoas. Eu espero que esse podcast ajude e chegue cada vez a mais pessoas.

Para falar comigo, você pode entrar em contato pelo instagram @nutri_milamoraes, e clicar no link que tem na bio que vai direto ao meu contato. As marcações são feitas por whatsapp ou pelo email milacordmoraes@gmail.com, que eu espero que o Cosme deixe escrito e facilite o processo de vocês. 

Cosme: Eu vou deixar na descrição deste episódio, como deixei também no último episódio, o link pro instagram da Mila. Ela atende de forma presencial e também de forma remota.

Mila: Isso. Hoje eu divido a minha agenda para dois dias de atendimento remoto e três dias de atendimento presencial, no Rio de Janeiro, em Copacabana.

Cosme: Pra vocês entenderem bem, eu não sei se todos que estão ouvindo esse episódio ouviram o primeiro episódio do podcast que é “Amizade é pegar atalho na vida”, a Mila não está patrocinando essa série de episódios sobre como alinhar alimentação e produtividade.

Eu acredito muito que quando a gente monta uma rede de amigos competentes e incríveis, temos que alimentar essa rede e fazer com que a gente cresça juntos. Acho que essa é a melhor forma que nós temos de apoiar as pessoas que queremos ter perto na nossa vida, e a forma de construir uma vida que faça sentido.

Hoje eu vou fazer diferente, a Mila tem mais carisma que eu para isso. Pede pro pessoal compartilhar.

Mila: Se você gostou desse episódio, compartilhe com os seus amigos e sua família. Se vocês acham que as informações que a gente falou aqui sobre nutrição, estilo de vida, mapeamento genético, vai ser importante e foi uma dúvida para você, pode ser também uma dúvida para outra pessoa. Então, compartilhem.

Cosme: Chegamos ao fim. Espero que vocês ouçam também o próximo episódio. Compartilhem o Hello Fae Cast, é a dica da Mila 🍉, vocês ouviram. Até o próximo episódio, tchau tchau.

Mila: Tchau!

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